Publicado: 08-06-2020 08:31:48
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As sex shops atualmente estão espalhadas por todo o mundo. Mas, imaginas que quem criou essas sexshops foi uma mulher que começou por ser piloto?
Beate Uhse-Rotermund (25 de outubro de 1919 - 16 de julho de 2001) foi uma piloto de aviões e empreendedora de nacionalidade alemã. Após a Segunda Guerra Mundial fundou a primeira sex shop do mundo!:
Era filha de um fazendeiro e de uma médica prussianos. Com 17 anos tinha licença de voo e aos 24 combateu durante a Segunda Grande Guerra no Luftwaffe.
A wikipédia resume bem a sua história de vida: em 1945 fugiu de Berlim para Schleswig-Holstein quando, depois de presa pelo exército britânico e solta no mesmo ano, começou a dar aulas de inglês, vender brinquedos feitos à mão e dar instruções sobre contraceptivos para jovens daquela região. Criou uma revista de temas sexuais e vendeu 32 mil exemplares. Em 1960 tinha 1 milhão de clientes por catálogo e em 1962 abre a primeira sex shop.
Durante décadas, a mera menção do nome Beate Uhse fazia corar os alemães. Ela foi a mulher que tirou o sexo – ou, mais especificamente, os acessórios relacionados a ele – das gavetas do quarto de dormir e colocou-o nas vitrines. Isso, numa época em que ninguém falava abertamente de sexualidade, sobretudo de seus aspectos prazerosos.
A fundadora da primeira sexshop presenciava desde pequena como os animais se reproduziam na fazenda do pai. A sua mãe, uma das primeiras médicas da Alemanha, era direta com ela em questões sexuais e esclarecia muito bem sobre contracepção.
Rapidamente aprendeu que as mulheres podiam ser tão valiosas e talentosas quanto os homens. Depois de tirar licença de piloto em Berlim, ao completar 18 anos, ela passou a competir em voos acrobáticos. Em 1939 casou-se com seu instrutor, Hans-Jürgen Uhse, com quem teve um filho cinco anos mais tarde.
A morte do marido no ano seguinte ao casamentoda mentora das sex shops, num acidente aéreo, não impediu Beate Uhse de voar, sendo em 1944 promovida a capitã da Luftwaffe (Força Aérea alemã), mas nunca discutiu seu envolvimento na Segunda Guerra Mundial, depois do fim do conflito. Por outro lado, como atuara na Força Aérea do Terceiro Reich, depois da guerra ficou proibida de voar.
Desta forma foi viver para Flensburg, no norte da Alemanha, começando a vender produtos a domicílio como forma de sobreviver. Assim, conheceu donas de casa que lhe revelavam os seus medo de ficarem grávidas nos implacáveis primeiros anos do pós-guerra.
Lembrando-se dos ensinamentos da mãe, ela preparou uma brochura explicando o método contraceptivo rítmico Knaus-Ogino, a fim de ajudar as mulheres a identificarem os seus dias férteis e inférteis. "Não era seguro, mas melhor do que nada", recordaria mais tarde.
Uhse passou a distribuir o guia, chamado Schrift X, através de sua companhia de vendas pelo correio. As 32 mil cópias vendidas em 1947 garantiram o capital inicial para ela estabelecer o negócio que se transformaria num império.
Em 1951, batizou a sua companhia Versandhaus Beate Uhse, e passou a vender preservativos e livros sobre "higiene conjugal" – como então se denominava a vida sexual dos casais.
A abordagem personalizada – ao dar seu próprio nome à firma e às publicações e se dirigir diretamente aos clientes na descrição dos produtos – contribuiu para o sucesso comercial. O catálogo continha itens de que todo mundo talvez precisasse, mas que não ousava mencionar.
A firma cresceu rapidamente. Dez anos mais tarde já contava 200 empregados e abria a primeira sex shop do mundo em Flensburg, descrita na época como "loja de especialidades para higiene conjugal". Isso não impediu que a polícia fosse chamada para agir contra um local que servia à "exacerbação e satisfação antinatural dos estímulos sexuais, indo de encontro à moral e os bons costumes".
Até 1992, Beate Uhse foi processada mais de 2 mil vezes!
Na década de 70, as leis morais começam a suavizar significativamente na Alemanha, permitindo à empresa falar no prazer sexual, em vez da higiene conjugal.
Além de preservativos, pomadas e revistas, a lista de artigos foi enriquecida com diversos brinquedos sexuais, lingerie e excitadores.
Quando a pornografia foi legalizada no país, em 1975, Beate Uhse também passou a vender fitas de videocassete e a distribuir filmes.
A empresária se casara novamente em 1949, adotando o sobrenome do marido, o comerciante Ernst-Walter Rotermund. A empresa passou por uma divisão, devido a disputas entre os filhos de Uhse, e estabeleceu-se uma segunda firma de comércio erótico à distância, a Orion Versand.
Depois de 20 anos de união, ela divorci-se e começa um relacionamento com um americano 25 anos mais jovem.
Perto do fim da vida da criadora das sex shops, a cadeia alemã de artigos eróticos teve que lutar pela sobrevivência, mas Uhse finalmente recebeu reconhecimento por seu trabalho pioneiro.
Em 1989 recebeu a Cruz Federal de Honra ao Mérito da Alemanha; e, ao completar 80 anos finalmnete foi reconhecida e convidada a assinar o Livro de Ouro de Flensburg.
Beate Uhse, percurssiora das sex shop foi uma mulher emancipada, marcando seu espaço em setores de dominação masculina como a pilotagem e a fundação de empresas. Sem dúvida que ela contribuiu para popularizar temas tabu, e não temia ameaças, ações judiciais nem exclusão social.
Beate Uhse morreu em 2001, aos 81 anos de idade, em consequência de uma pneumonia.